Direito de Família na Mídia
Em blog, gaúcho incentiva adoção e fala sobre descobertas da paternidade
13/08/2007 Fonte: Agência Brasil"Pai de Coração". É essa a expressão que o jornalista gaúcho Oscar Cardoso, 35 anos, usa ao falar da filha adotiva. Ele explica que ser pai de coração é "gestar essa criança no coração". "Você tem que engravidar dela dentro do seu coração, tem que nascer, crescer e ficar dentro do seu coração."
A vontade de ser pai biológico e também de adotar uma criança eram sentimentos antigos de Oscar motivados pela realidade familiar. Os avós, tanto paternos quanto maternos, foram adotados e havia também primos nessa condição. O empurrão final veio quando, já casado, ele soube que não podia ter filhos.
Após conhecer a realidade de vários abrigos, Oscar e a esposa optaram por adotar uma menina já com 8 anos de idade. Em maio do ano passado, o casal procurou a Vara da Infância e em novembro Oscar já era "pai de coração". A decisão representou uma profunda mudança na vida da família. "Passei a vida inteira buscando resposta para muita coisa e quando minha filha entrou na minha vida encontrei respostas que eu nem imaginava."
Apesar da alegria de realizar um sonho, o morador de Brasília afirma que o medo está presente na nova experiência. "É desconhecido, uma outra pessoa que entrou na sua vida e que você tem que aprender a amar, ver como filha, sentir como filha. É um processo maravilhoso, mas é complexo." O medo, porém, é superado pelo prazer de ser pai, segundo Oscar.
Além de querer adotar outras crianças, a nova vida familiar trouxe para Oscar Cardoso a vontade de incentivar outras pessoas a buscar a adoção. Ele criou um blog para divulgar informações e trocar experiências sobre o tema com outros pais e alerta que não se deve "buscar uma pessoa por pena, por querer fazer caridade, mas para fazer dessa criança um cidadão, dar a ela o direito a ter uma história, uma identidade".
O desejo de ser pai surge também em homens solteiros e separados. Segundo o chefe do serviço de adoção da Vara da Infância do Distrito Federal, Walter Gomes, esse perfil de "pais em potencial" vem crescendo. Na avaliação de Walter, isso acontece por que cada vez mais as pessoas têm a informação de que não há impedimentos legais para que essas adoções ocorram. "O que o juiz precisa é ter informações acerca das condições psico-emocionais e sócio-econômicas da pessoa para o acolhimento daquela criança", afirma.
A grande contradição está no fato de que muitas vezes as mesmas crianças que são procuradas pelos pais adotivos foram rejeitadas pelos pais biológicos. Isso por que parte das crianças entregues a adoção vêm de mães que não tiveram apoio ao engravidar. "Via de regra é uma gestante sem condições sócio-econômicas, com pouco apoio familiar e que se sente abandonada pelo pai da criança", afirma Walter Gomes, chefe do serviço de adoção da Vara da Infância do Distrito Federal.